No meu tempo de primário (hoje ensino fundamental), eu tinha uma lancheira cor-de-rosa.
Se bem me lembro, era da Moranguinho, aquela personagem cabeçuda que na versão boneca tinha cheiro de fruta. Minha lancheira de plástico levava com freqüência uma garrafinha térmica com chá mate frio, feito em casa, e opções variadas de lanche caseiro. Parte dos meus colegas preferia comprar o lanche na cantina da escola. Havia entre eles fãs de uma bebida açucarada a base de soja com sabores variados, que eu levei anos para experimentar. Eu me lembro que a fila formada na frente do balcão era, na maioria, de crianças famintas pedindo salgados de presunto e queijo, esfiha de carne, misto quente, cheesebúrguer e refrigerantes. Pra mim era um pouco esquisito comer esse tipo de coisa todo dia, já que eu estava acostumada às comidinhas trazidas de casa. É verdade que quem levava dinheiro e tinha liberdade pra comprar o que quisesse carregava um certo status de independência e poder, em comparação com as crianças que levavam lancheira. Mas, na ausência de opções mais saudáveis na lanchonete, eu preferia pagar mico com a Moranguinho.
Os tempos mudaram, a obesidade cresceu e a preocupação com a alimentação saudável desde o primeiro dia de vida das pessoas ganhou dimensões maiores. O cardápio tradicional das cantinas escolares, já faz alguns anos, tem sido alvo de críticas e até proibições, ao mesmo tempo em que os programas educacionais têm incorporado atividades com a finalidade de ensinar às crianças o que vale a pena comer. Mas ainda não deu para relaxar. Uma amiga me contou que a escola do filho dela proíbe os pais de colocarem suco natural (feito em casa) na lancheira das crianças. Principalmente suco de laranja. O motivo alegado pela escola é que, com muita frequência, acontece de a fruta apodrecer antes da hora do recreio e a criança ter uma diarreia por tomar suco estragado. Na intenção de evitar surtos diários de diarréia, a escola preferiu proibir os sucos caseiros e sugerir que as mães mandem suco de caixinha mesmo. Faz sentido. Mas minha amiga estava se descabelando atrás de um suco industrializado que valesse a pena. Ela me disse que só encontrava porcarias no supermermercado, e que comida saudável parecia cada vez mais cara.
Os tempos mudaram, a obesidade cresceu e a preocupação com a alimentação saudável desde o primeiro dia de vida das pessoas ganhou dimensões maiores. O cardápio tradicional das cantinas escolares, já faz alguns anos, tem sido alvo de críticas e até proibições, ao mesmo tempo em que os programas educacionais têm incorporado atividades com a finalidade de ensinar às crianças o que vale a pena comer. Mas ainda não deu para relaxar. Uma amiga me contou que a escola do filho dela proíbe os pais de colocarem suco natural (feito em casa) na lancheira das crianças. Principalmente suco de laranja. O motivo alegado pela escola é que, com muita frequência, acontece de a fruta apodrecer antes da hora do recreio e a criança ter uma diarreia por tomar suco estragado. Na intenção de evitar surtos diários de diarréia, a escola preferiu proibir os sucos caseiros e sugerir que as mães mandem suco de caixinha mesmo. Faz sentido. Mas minha amiga estava se descabelando atrás de um suco industrializado que valesse a pena. Ela me disse que só encontrava porcarias no supermermercado, e que comida saudável parecia cada vez mais cara.