As chuvas que atingiram o Rio de Janeiro nos últimos dias levam ao riscos de contaminação por leptospirose, segundo artigo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entidade vinculada ao Ministério da Saúde. A doença é transmitida pela urina do rato e sua contaminação é muito comum em situações de enchentes e inundações. Nestes casos, as pessoas permanecem em contato prolongado com água ou lama contaminadas pela urina de ratos, muito numerosos nos esgotos e bueiros.Para diminuir o risco de contaminação, deve-se lavar bem pernas e pés após o contato com a água da enchente, além de higienizar o local com álcool 70%. "Mesmo usando calça comprida e sapato fechado, a pessoa não está protegida, pois a água acaba os encharcando", explicou Ilana Balassiano, do Laboratório de Zoonoses Bacterianas da Fiocruz."A população deve evitar entrar em contato com a água da enchente, permanecendo em local seco e seguro, e esperar a água baixar. Se não houver outra alternativa, o indicado é proteger a pele com galochas ou sacos plásticos", orientou.A leptospira penetra no corpo pela pele, principalmente se houver alguma "porta de entrada", como um corte ou arranhão. Em situações como a vivida no Rio de Janeiro, mesmo quem não tem lesões nas pernas ou pés deve se prevenir, uma vez que a contaminação também pode ocorrer pelo contato prolongado da água contaminada com a pele sem ferimentos.Características da doençaO período de incubação da leptospirose varia de 5 a 14 dias. Os primeiros sinais da doença se assemelham a um resfriado, com febre, dores de cabeça e no corpo, especialmente na panturrilha, podendo ocorrer icterícia (coloração amarelada da pele e das mucosas)."Se a pessoa teve contato com a água das enchentes e apresentar estes sintomas, deve procurar o posto de saúde mais próximo e relatar a situação, para que receba o tratamento adequado", explicou Ilana. A leptospirose é tratável, principalmente se diagnosticada logo, mas pode evoluir, em casos específicos, para formas mais graves, comprometendo os pulmões e os rins e causando a morte do paciente. O tratamento da doença é feito com antibióticos específicos e em casos mais graves pode ser necessária internação hospitalar.