sexta-feira, 30 de abril de 2010

Drogas e cigarro aumentam em até 50% o risco de infarto entre os jovens


O aumento do consumo de drogas é um dos grandes responsáveis pelo crescimento no número de infarto entre jovens no mundo. Nos Estados Unidos, cerca de 25% das vítimas de ataque cardíaco com idade até 50 anos são usuárias de cocaína, e a estimativa é que esse índice seja semelhante no Brasil. Esse crescimento preocupa os especialistas, que debateram, esta semana, as peculiaridades do infarto em jovens durante o XXXI Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
Associado ao grande número de fumantes e obesos com menos de 50 anos, o aumento no consumo de drogas como cocaína e anfetamina provocou uma explosão nos óbitos por infarto agudo do miocárdio em pessoas nessa faixa etária, segundo os especialistas. "Precisamos estar muito bem preparados para atender esse público. Remédios para combater a hipertensão, por exemplo, utilizados por pacientes comuns não podem ser ministrados para quem consome drogas", explica o cardiologista Rui Ramos. Ele acrescenta que o betabloqueador - utilizado no pós-infarto, ou no tratamento de angina, arritmias e certas formas de tremores - também é proibido para usuários de drogas.
De acordo com o cardiologista, nos Estados Unidos, o consumo de anfetaminas, como o ecstasy, também está em crescimento. "Assim como a cocaína, esse tipo de droga ilícita aumenta de 40% a 50% o risco de uma pessoa desenvolver problemas nas coronárias, principalmente a aterosclerose - que é o endurecimento ou obstrução da artéria. A consequência é, na maioria das vezes, o infarto", destaca o especialista.
O quadro é ainda mais grave quando o paciente possui familiares em primeiro grau com aterosclerose precoce. "Alguns estudos revelam que 92% dos jovens que sofrem infarto são tabagistas. Cerca de 40% deles possuem familiares em primeiro grau com aterosclerose precoce e 65% apresentaram distúrbios da glicose", revela Ramos.
O especialista lembra que o vício em geral, como o álcool e o tabaco, é um veneno adicional para o coração, e os jovens devem ser orientados em relação a esses riscos. O álcool potencializa em três vezes o efeito maléfico da cocaína. Já o tabaco eleva o risco de infarto em 300%. "O jovem acha que é imortal e, quando percebe o dano que causou à própria vida, muitas vezes, é tarde demais. Temos que ser duros e realistas na conversa com eles e colocar que o tabaco e as drogas ilícitas causam inúmeros problemas, inclusive a disfunção erétil", explica o cardiologista.