domingo, 11 de abril de 2010

Cavalos tratores



Há 25 anos, quando a edição nº1 de Globo Rural chegava às bancas, agricultores de Agudos do Sul, PR, tinham no cavalo bretão sua única máquina de trabalho. O tempo passou, mas, por lá, pouco mudou Texto Clarice CoutoFotos: Ernesto de Souza
Barão, cavalo de 13 anos arrasta a jorra com fumo recém-colhidoEm "A santa batalha de Xarroco, um trator chamado cavalo", reportagem da primeira edição de Globo Rural, publicada em outubro de 1985, o repórter José Hamilton Ribeiro começava um bonito texto dedicado ao cavalo bretão relatando que, mesmo com tratores, arado a disco e outras inovações, muitos produtores do sul do Brasil ainda precisavam de animais daquela raça para realizar uma série de atividades rurais. Nos 25 anos seguintes, a mecanização alastrou-se por grandes, médias e pequenas propriedades, mas o que se viu no mês passado em Agudos do Sul, no sul do Paraná, onde José Hamilton havia apurado sua matéria, foram práticas que nem o rápido cavalgar da tecnologia fez cair em desuso.
Naquela época, os agricultores da localidade possuíam propriedades bem pequenas.
Não valia a pena comprar um trator se um cavalo bretão, bem mais barato, dava conta de todas as tarefas do sítio: arar, carpir, gradear, puxar a carroça e até pulverizar a lavoura. O governo do estado havia comprado um puro-sangue e incumbido o produtor Helmut Hubel de cuidar do reprodutor, Xarroco, e atender aos proprietários que levavam suas eguinhas para ser cobertas. Pois hoje, os agricultores de Agudos do Sul e de uns quantos municípios do entorno continuam tendo em seus cavalos de raça sua principal "máquina" de trabalho.