Na expectativa de aumentar as vendas no Natal e deixar para trás definitivamente o “fantasma” dos estoques encalhados pelos efeitos da crise econômica, os comerciantes adotam estratégias para baixar o custo das mercadorias e apostam em "agrados" especiais aos clientes para buscar um diferencial sobre a concorrência. “Tem que ter um pouco de criatividade, adotar margens de lucro mais reduzidas”, afirma Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que prevê aumento entre 5% e 6% no movimento do comércio da capital paulista este ano. Para Alfieri, este restultado é bastante razoável para um Natal pós-crise. “O Natal não vai salvar o ano, mas já sinaliza o ritmo de 2010”, diz. Segundo levantamento da Federação do Comércio do Estado de São Paulo(Fecomercio-SP), o clima é de otimismo com reservas entre os varejistas. De acordo com a análise, 33% dos 300 empresários consultados no estado vão aumentar as encomendas para o Natal e 24% dos varejistas vão reduzir. Outros 44% estão fazendo encomendas iguais às do ano passado, como é o caso do empresário Feliciano Macário, dono do armarinho Irakan, em São Paulo. “Preparei os estoques para o Natal deste ano no mesmo nível de 2008. Está exigindo mais trabalho dos comerciantes, mas o movimento deve continuar o mesmo", diz. Fernando Assad Abdalla, um dos proprietários da loja de presentes Doural, concorda. “Este ano estamos tendo que trabalhar bem mais para manter as vendas em um nível normal. Não fosse a questão da crise, venderíamos o dobro”, afirma o varejista, que faz vendas na loja da Rua 25 de Março, no centro de comércio popular da capital paulista, e pela internet. “Esperamos crescimento de 20% a 30% para o Natal deste ano, mas com o esforço de trabalhar o dobro", explica Abdalla. Dono de uma loja de bijouterias em Sâo Paulo, o comerciante Antônio Edimilson Farias tem expectativas bem mais baixas para a data. "Demiti quatro funcionários desde o ano passado por causa da queda no movimento. Espero, no máximo, uma semana de movimento bom neste Natal." Embalagens e desconto Preocupado com a queda nas vendas em 2009, o empresário Edeval Dantas implementou soluções práticas e de baixo custo em sua loja no centro de São Paulo: passou a oferecer pacotes decorados para embrulhar os presentes, a dar descontos para quem paga em dinheiro e melhorar a organização e a aparência da loja. Eu não fazia isso no ano passado. Acho que, se você arruma a loja, a deixa mais bonitinha, o cliente compra mais", afirma Dantas, que diz que espera que a movimentação melhore nas próximas semanas. "Por enquanto, o movimento ainda está fraco." Na Armarinhos Fernando, uma das lojas mais movimentadas da região da 25 de Março, a expectativa também é de crescimento sem grandes inovações e dedicação a pequenos ajustes. “Não investimos em grandes novidades, em geral os tipos de produtos que oferecemos são os mesmos do ano passado. Mas ampliamos um pouco o espaço para mostrar os itens de decoração de Natal. Ficou um espaço mais aberto para mostrarmos melhor os produtos", explica o gerente Ondamar Antonio Ferreira, que prevê vendas entre 4% e 6% maiores que no ano passado.
Do G1