terça-feira, 24 de novembro de 2009

Lula recebe presidente do Irã em visita polêmica




BRASIL - O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, foi recebido nesta segunda-feira (23), ao chegar ao Palácio do Itamaraty, por cerca de 100 manifestantes. No grupo, havia ativistas favoráveis e contrários à presença do líder iraniano no Brasil. Entre os favoráveis estão os que criticam o chamado imperialismo norte-americano e apreciam os governos do venezuelano Hugo Chávez e do boliviano Evo Morales. O grupo dos que são contra a visita é formado por representantes da comunidade judaica, entre eles um sobrevivente do Holocausto. O aposentado Ben Abraham passou por diversos campos de concentração durante um período de cinco anos e meio - incluindo o de Auschwitz, na Polônia. Abraham classificou as declarações de Ahmadinejad de "absurdas" - o iraniano nega a ocorrência do Holocausto [execução em massa de judeus e de outras minorias durante o nazismo]. Segundo o judeu, alguns campos de concentração que ainda permanecem intactos servem de alerta para a humanidade. "O presidente do Irã, mesmo com sobreviventes do nazismo, como eu e outros, nega o Holocausto. O tempo está passando. Quando o nazismo começou, eu tinha 14 anos. Vou completar 85 anos. Enquanto houver sobreviventes do nazismo, está bom. Mas e depois? Como negar essas atrocidades?", reagiu Abraham. Durante as manifestações, o presidente da Juventude Judaica Organizada, Gilberto Ventura, afirmou que as críticas a Ahmadinejad não dizem respeito à visita em si, mas consistem em trazer ao povo e ao governo brasileiros a consciência de questionar o que ocorre no Irã e que tipo de valores o presidente iraniano representa. "A idéia não é chegar aqui e dizer ao Lula que não o receba. O recado é: Abra os olhos. Já houve momentos na história com pactos absurdos, como entre Stalin [Josef Stalin, líder da União Soviética de 1922 a 1953] e Hitler [Adolf Hitler, líder do Nacional-Socialismo alemão, de 1933 a 1945] . No Brasil, o recebemos [Ahmadnejad] de braços abertos, mas é importante ouvir o outro lado. Existe uma falta de diálogo real, de conhecer quem é o outro de verdade", afirmou Ventura.
Portas Abertas