Sandra Gil, cristã que teve sua etnia indígena negada após se converter
COLÔMBIA (*) - Dezesseis cristãos da tribo Kogui foram presos pela Organização Indígena Gonawindúa Tayrona em 27 de outubro de 2009, no Departamento de Magdalena, norte do país.
A Associação Cristã de Refugiados Koguis (ASOKOGUI) intima a comunidade internacional a se pronunciar em favor dos 16 cristãos. A Organização Indígena Gonawindúa Tayrona é o órgão responsável e porta-voz de três povos indígenas da região em relação com o governo colombiano. Ela se propõe a defender o território e a identidade cultural das tribos que representa. A Gonawindúa convidou líderes cristãos koguis para discutir as circunstâncias em que os cristãos poderiam receber a proteção da comunidade. Os líderes cristãos acharam que seria uma negociação justa e concordaram e participar da reunião. No entanto, para a Gonawindúa, qualquer kogui que decidir se tornar cristão perde imediatamente sua identidade como índio e, portanto, perde seus direitos e liberdade. Os 13 cristãos presentes na reunião, e três filhos deles, foram levados para a sede da Gonawindúa, onde permanecem presos. O cristianismo se tornou a ameaça primária contra a estabilidade e continuidade das tradições das tribos indígenas no norte da Colômbia. O trabalho evangelístico e a tradução da Bíblia para o kogui, feitos pela ASOKOGUI, levou muitas famílias da tribo ao cristianismo. Isso, de acordo com a Gonawindúa, tem acabado com os costumes koguis, e é inaceitável. Discriminação constante Esse não é o primeiro caso de perseguição na área. Um caso recente foi de Sandra Gil, voluntária no posto de saúde de Palmor. O conselho da tribo não aceitou a solicitação dela de ser reconhecida como kogui. Com isso, Sandra não tem acesso às bolsas do governo para indígenas que queiram ir à faculdade. Os koguis cristãos que foram à universidade às próprias expensas e depois voltaram à comunidade foram proibidos de lecionar. Esse foi o caso de Virgil, um dos koguis cristãos que estão presos. Ele é acusado de mudar os costumes de 21 alunos na escola onde leciona. As autoridades fecharam o estabelecimento. Os koguis cristãos também são impedidos de ter acesso à assistência médica, que é controlada pelo conselho local. Um estatuto colocado em vigor afirma que o serviço de saúde é para os koguis nativos. Quem não for kogui, deve procurar assistência em outro lugar, independente da urgência do caso. Uma vez que os cristãos não são considerados nativos, o acesso deles ao sistema é impedido. Atanásio, um representante da ASOKOGUI, pediu à comunidade internacional para se posicionar a favor dos cristãos koguis. Organizações estatais colombianas não se interessam pela causa deles. O Supremo tribunal, por exemplo, recomenda que haja uma negociação entre ambas as partes. Entretanto, segundo Atanásio, as autoridades indígenas não querem negociar. Além disso, a Gonawindúa ameaçou prender todos os koguis cristãos. Segundo Alberto Gil, outro kogui, o conselho do governo ordenou que todos os cristãos se apresentassem ao escritório da Gonawindúa até o dia 5 de dezembro. Se não fizerem isso voluntariamente, serão procurados por líderes indígenas. Dos 11 mil koguis existentes na Colômbia, apenas 120 são cristãos.
Missão Portas Abertas