MIAMI, /PRNewswire/ -- A rápida recuperação da crise, as matérias-primas e o crescente poder de compra dos latino-americanos formam a base da confiança da China na América Latina, indicaram funcionários de diversosbancos do país asiático, durante sua participação na 43ª Assembléia Anual da Federação Latino-Americana de Bancos (FELABAN), encerrada ontem em Miami. "O futuro entre a América Latina e a China é brilhante. Estamos em um momento de adaptação e crescimento que resultará em maiores e melhores intercâmbios", disse Shiqin Li, representante do Banco Agrícola da China, em sua sede de Nova York.
"Precisamos um do outro", acrescentou. Para John Weinshank, vice-presidente sênior do Banco de Construção da China (China Construction Bank), há um grande espaço comercial, neste momento, representado pela necessidade da China por matérias-primas e pelo maior poder aquisitivo existente na América Latina. Feng Liu, primeiro vice-presidente do Banco da China (Bank of China), em sua sede de Nova York, prevê uma ampliação do comércio entre a região e seu país (em 2008, foi de 140 bilhões de dólares), embora tenha feito questão de descrever o atual cenário como um de paciência e análise.
"Neste momento, a China precisa de matérias-primas e a América Latina de produtos manufaturados. No entanto, a tendência é que não as necessitaremos para sempre. É preciso estudar como manteremos uma estrutura comercial com perspectivas futuras", disse Liu. Neste contexto, os três integrantes do painel destacaram os esforços de seu país para conhecer as necessidades e os gostos dos latino-americanos, visando futuros investimentos no setor de produtos manufaturados e em outros setores.
"No Ocidente se diz que Roma foi construída em um dia. No nosso país, o provérbio diz que a muralha da China foi feita em um século.
A China e a América Latina precisam de tempo para modelar suas relações", analisou Weinshank.
Por sua vez, Douglas Smith, gerente da área de análise da América Latina, no Standard Chartered Bank, prevê que a "relação comercial natural entre a Ásia e a América Latina deverá se ampliar no futuro, incluindo mais acordos bilaterais de livre comércio entre a China e os demais países da Ásia e da América Latina". Da mesma forma, John Rodríguez, presidente da Associação Internacional de Banqueiros da Flórida (FIBA em inglês), afirmou que "tanto na Flórida como na América Latina, observamos a China com grande atenção, tendo em vista a diversificação das exportações. Neste momento, 10% das exportações da região são destinadas à China".
Ricardo Marino, presidente da FELABAN, notou que "em um ambiente mundial menos estimulante em comparação com o passado, o dinamismo econômico tenderá a vir da China e de outros países emergentes".
A exemplo da China, o governo dos Estados Unidos declarou sua confiança na região, uma vez que "não passou por uma crise financeira, mas teve uma crise de crescimento...que não ocorreu por acidente, mas em virtude de seus compromissos -- muitas vezes difíceis -- em matéria de políticas públicas que os líderes de muitos países da região implantaram", disse a subsecretária assistente para o Hemisfério Ocidental, no Departamento do Tesouro, Nancy Lee. Mesmo assim, reiterou "o compromisso dos EUA de manter uma estrutura comercial global que seja balanceada e sustentável".