Uma nova tecnologia usada com sucesso para combater o crime em cidades como Los Angeles, Chicago e Washington pode estar a caminho do Brasil.
Guilherme Rosa
Um sistema de captação de som que permite “ouvir” todos os disparos da cidade e descobrir sua origem em poucos segundos. Assim é o ShotSpotter, que já existe em 45 cidades americanas e tem ajudado a melhorar a eficiência policial. Com a ajuda desse “big brother” sonoro, a polícia poderá saber onde estavam as armas usadas – o que ajuda a investigar as ocorrências e encontrar os suspeitos. Tiroteios podem até continuar acontecendo e inocentes talvez ainda morram à toa, mas a nova "arma" na luta contra a violência nos grandes centros urbanos tem dado mais resultados que a maioria das iniciativas adotadas pela polícia nos últimos tempos. Em Los Angeles, o número de homicídios caiu 40% na região onde a tecnologia foi usada. A informação é de um dos diretores da empresa que inventou o sistema. Ele esteve no Brasil para tentar convencer as autoridades a adotá-lo. “Estamos conversando com os governos estaduais e pensando em projetos específicos para as cidades brasileiras”, afirma James Beldock. “Estivemos com os governos do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Ceará”. O mapeamento dos disparos é feito por sensores distribuídos por vários pontos da cidade como antenas de celular. Eles conseguem captar qualquer barulho de tiro nas redondezas, diferenciando seu som de outros parecidos, como o de fogos de artifício e escapamento de motos. Quando um disparo ocorre, três sensores diferentes permitem fazer uma “triangulação”, dando coordenadas precisas sobre a origem do tiro. Isso permite calcular a exata posição do atirador. O sinal é enviado à delegacia mais próxima e aos carros policiais em patrulha na região. Segundo o diretor, a informação demora em média cinco segundos em todo o percurso. Uma das principais vantagens do ShotSpotter é a polícia ficar sabendo imediatamente do crime e não precisar esperar por denúncias. “A velocidade da informação pode salvar uma vítima ou prender o criminoso, diminuindo o índice de crimes na região”, diz. Somente nos últimos cinco meses, 57 pessoas foram baleadas e sobreviveram porque o resgate chegou mais rápido ao local. Além disso, o sistema permite à polícia concentrar seus recursos de repressão ao crime de acordo com os dados sobre os tiros que foram realmente disparados. “Sabemos que nos EUA, só 20% dos tiros são denunciados à polícia. Isso quer dizer que 80% do problema é desconhecido”. Lugares com menores índices de denúncias nem sempre são os mais seguros. O que ocorre é que quem convive com disparos de forma mais frequente acaba denunciando menos. Com a tecnologia, a polícia poderia se planejar com um mapa real da incidência de crimes. Até o final do ano passado, o ShotSpotter não podia ser exportado para outros países, ele era considerada pelo governo norte-americano como um item militar. Com a autorização do governo, a empresa busca novos mercados, como a Inglaterra e o Brasil. “O Brasil tem graves problemas de segurança pública. Esperamos fechar o negócio com algum estado do país até o final do ano”, diz o diretor. Mas não é só a criminalidade que atraiu a empresa para o país. O potencial da economia brasileira também serviu de atrativo: “Queremos instalar uma fábrica do ShotSpotter no Brasil e usar o país como base de nossas atividades em toda a América Latina”.
Guilherme Rosa
Um sistema de captação de som que permite “ouvir” todos os disparos da cidade e descobrir sua origem em poucos segundos. Assim é o ShotSpotter, que já existe em 45 cidades americanas e tem ajudado a melhorar a eficiência policial. Com a ajuda desse “big brother” sonoro, a polícia poderá saber onde estavam as armas usadas – o que ajuda a investigar as ocorrências e encontrar os suspeitos. Tiroteios podem até continuar acontecendo e inocentes talvez ainda morram à toa, mas a nova "arma" na luta contra a violência nos grandes centros urbanos tem dado mais resultados que a maioria das iniciativas adotadas pela polícia nos últimos tempos. Em Los Angeles, o número de homicídios caiu 40% na região onde a tecnologia foi usada. A informação é de um dos diretores da empresa que inventou o sistema. Ele esteve no Brasil para tentar convencer as autoridades a adotá-lo. “Estamos conversando com os governos estaduais e pensando em projetos específicos para as cidades brasileiras”, afirma James Beldock. “Estivemos com os governos do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Ceará”. O mapeamento dos disparos é feito por sensores distribuídos por vários pontos da cidade como antenas de celular. Eles conseguem captar qualquer barulho de tiro nas redondezas, diferenciando seu som de outros parecidos, como o de fogos de artifício e escapamento de motos. Quando um disparo ocorre, três sensores diferentes permitem fazer uma “triangulação”, dando coordenadas precisas sobre a origem do tiro. Isso permite calcular a exata posição do atirador. O sinal é enviado à delegacia mais próxima e aos carros policiais em patrulha na região. Segundo o diretor, a informação demora em média cinco segundos em todo o percurso. Uma das principais vantagens do ShotSpotter é a polícia ficar sabendo imediatamente do crime e não precisar esperar por denúncias. “A velocidade da informação pode salvar uma vítima ou prender o criminoso, diminuindo o índice de crimes na região”, diz. Somente nos últimos cinco meses, 57 pessoas foram baleadas e sobreviveram porque o resgate chegou mais rápido ao local. Além disso, o sistema permite à polícia concentrar seus recursos de repressão ao crime de acordo com os dados sobre os tiros que foram realmente disparados. “Sabemos que nos EUA, só 20% dos tiros são denunciados à polícia. Isso quer dizer que 80% do problema é desconhecido”. Lugares com menores índices de denúncias nem sempre são os mais seguros. O que ocorre é que quem convive com disparos de forma mais frequente acaba denunciando menos. Com a tecnologia, a polícia poderia se planejar com um mapa real da incidência de crimes. Até o final do ano passado, o ShotSpotter não podia ser exportado para outros países, ele era considerada pelo governo norte-americano como um item militar. Com a autorização do governo, a empresa busca novos mercados, como a Inglaterra e o Brasil. “O Brasil tem graves problemas de segurança pública. Esperamos fechar o negócio com algum estado do país até o final do ano”, diz o diretor. Mas não é só a criminalidade que atraiu a empresa para o país. O potencial da economia brasileira também serviu de atrativo: “Queremos instalar uma fábrica do ShotSpotter no Brasil e usar o país como base de nossas atividades em toda a América Latina”.