quarta-feira, 10 de junho de 2009

BURLANDO A SEDUÇÃO DA TECNOLOGIA

Ainda que seja possível encontrar românticos que se queixam da falta de calor e intimidade das mensagens eletrônicas, depois do advento do e-mail, é natural que o envio de cartas tenha caído. Esse meio de comunicação tão antigo estaria, enfim, destinado a acabar? É possível nadar contra a maré da tecnologia, sobretudo da internet, e manter a multiplicidade e o valor do que não está online?
Difícil conjecturar sobre o assunto neste momento. No entanto, o correio francês pode estar perto de dar a resposta.
Em 2008, após ver o e-mail derrubar o volume de correspondências enviadas na França em 3%, a empresa trouxe novidades criativas. Uma delas é o serviço de impressão de selos individualizados, com fotos pessoais ou logos de empresas estampados, tudo feito pela internet. Também é possível que selos comuns sejam impressos, de casa, diretamente sobre envelopes ou etiquetas.
A ideia é modernizar os produtos de acordo com os novos hábitos franceses de compras via web. Dessa forma, ainda que aliado do inimigo, o correio francês adquire boas armas para evitar a aniquilação de seu motivo de existência, as cartas.
Dramático. Mas ainda mais dramático deve ter sido ver o péssimo resultado de sua campanha, pois , só no primeiro trimestre de 2009, a emissão de cartas por meio da companhia francesa caiu 4,4% em relação ao período equivalente de 2008, com o agravamento da crise.
A nova estratégia foi apelar ao que a internet não pode oferecer: sabor e aroma. A partir da segunda-feira dessa semana, todas as agências do correio francês passaram a vender um selo com as características do chocolate. Além de perfumar a carta com o cheiro do doce, a pessoa que for colar a imagem no envelope pelo método tradicional - lambendo - sentirá o seu sabor.