Mais e mais pessoas estão tomando drogas para aumentar a concentração e tentar ficar mais inteligentes. Que consequências isso pode ter?
Maurício não é um workaholic. Engenheiro de 40 anos, gerente de uma seguradora, ele acredita que a esta altura da vida tem direito a aproveitar suas horas livres nas baladas, viagens, leituras, esportes e namoros. É por isso que ele toma Ritalina, um remédio indicado para portadores de síndrome de deficit de atenção (TDAH). Maurício não sofre de deficit de atenção. Mas diz que, quando toma a droga, sua capacidade de concentração aumenta e ele trabalha seis horas sem intervalos. “Sou chefe de 40 funcionários e preciso funcionar a qualquer custo.”
Maurício (o nome é fictício, para proteger sua identidade) diz tomar Ritalina apenas uma vez por semana, quando seus prazos para a entrega de relatórios apertam. Ele afirma que a droga o ajuda a encarar planilhas recheadas de números, elaborar relatórios com rapidez e falar com desinibição em reuniões. “Como me recuso a trabalhar mais de nove horas por dia, preciso render mais nesse tempo.” Ritalina é um remédio de tarja negra. Deveria ser consumido apenas por pessoas que precisam dele e têm uma receita médica para provar isso. Mas conseguir a receita não é muito difícil. Maurício obteve a sua de um amigo psiquiatra. Outros usuários pesquisam os sintomas conhecidos do deficit de atenção, marcam consulta com um psiquiatra e dizem sentir aquilo. Alguns compram cartelas de amigos. Ou pela internet.
A Ritalina – que atua como um estimulante do sistema nervoso central – está longe de ser a única droga usada para incrementar a eficiência do cérebro. Há milênios o ser humano testa receitas de vários tipos. Entre aquelas em voga hoje está o Gingko biloba (uma erva de origem chinesa que supostamente melhora a circulação de sangue no cérebro e a transmissão de impulsos entre os neurônios), a cafeína (um estimulante que melhora a concentração), a nicotina e diversas anfetaminas. Também vem ganhando adeptos no mundo um estimulante genericamente conhecido como modafinil, desenvolvido para tratar narcolepsia (uma sensação de sonolência exagerada). O modafinil, assim como o café, restaura o desempenho cognitivo em pessoas com sinais de fadiga.
Segundo uma recente pesquisa da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, cientistas de diversos laboratórios estão trabalhando em mais de 600 drogas para distúrbios neurológicos. A maioria delas deverá ser reprovada pelos órgãos reguladores de saúde, mas é provável que muitas estejam em farmácias do mundo inteiro nos próximos anos. Cada uma dessas drogas mexe com algum dos processos químicos que regulam a atenção, a percepção, o aprendizado, a memória recente, a memória de fundo, a capacidade de tomar decisões, a linguagem. Espera-se que, com elas, pacientes com deficiências como Alzheimer, demência ou deficit de atenção consigam levar uma vida mais próxima do normal. Mas remédios desse tipo costumam atrair um mercado bem além do seu público-alvo original.
“O uso das drogas psicoativas por indivíduos saudáveis vai se tornar um evento crescente em nossa vida”, disse o pesquisador Gabriel Horn, que liderou a pesquisa de Cambridge. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o Viagra e seus congêneres.
Maurício (o nome é fictício, para proteger sua identidade) diz tomar Ritalina apenas uma vez por semana, quando seus prazos para a entrega de relatórios apertam. Ele afirma que a droga o ajuda a encarar planilhas recheadas de números, elaborar relatórios com rapidez e falar com desinibição em reuniões. “Como me recuso a trabalhar mais de nove horas por dia, preciso render mais nesse tempo.” Ritalina é um remédio de tarja negra. Deveria ser consumido apenas por pessoas que precisam dele e têm uma receita médica para provar isso. Mas conseguir a receita não é muito difícil. Maurício obteve a sua de um amigo psiquiatra. Outros usuários pesquisam os sintomas conhecidos do deficit de atenção, marcam consulta com um psiquiatra e dizem sentir aquilo. Alguns compram cartelas de amigos. Ou pela internet.
A Ritalina – que atua como um estimulante do sistema nervoso central – está longe de ser a única droga usada para incrementar a eficiência do cérebro. Há milênios o ser humano testa receitas de vários tipos. Entre aquelas em voga hoje está o Gingko biloba (uma erva de origem chinesa que supostamente melhora a circulação de sangue no cérebro e a transmissão de impulsos entre os neurônios), a cafeína (um estimulante que melhora a concentração), a nicotina e diversas anfetaminas. Também vem ganhando adeptos no mundo um estimulante genericamente conhecido como modafinil, desenvolvido para tratar narcolepsia (uma sensação de sonolência exagerada). O modafinil, assim como o café, restaura o desempenho cognitivo em pessoas com sinais de fadiga.
Segundo uma recente pesquisa da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, cientistas de diversos laboratórios estão trabalhando em mais de 600 drogas para distúrbios neurológicos. A maioria delas deverá ser reprovada pelos órgãos reguladores de saúde, mas é provável que muitas estejam em farmácias do mundo inteiro nos próximos anos. Cada uma dessas drogas mexe com algum dos processos químicos que regulam a atenção, a percepção, o aprendizado, a memória recente, a memória de fundo, a capacidade de tomar decisões, a linguagem. Espera-se que, com elas, pacientes com deficiências como Alzheimer, demência ou deficit de atenção consigam levar uma vida mais próxima do normal. Mas remédios desse tipo costumam atrair um mercado bem além do seu público-alvo original.
“O uso das drogas psicoativas por indivíduos saudáveis vai se tornar um evento crescente em nossa vida”, disse o pesquisador Gabriel Horn, que liderou a pesquisa de Cambridge. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o Viagra e seus congêneres.